Há três métodos para ganhar sabedoria: primeiro, por reflexão, que é o mais nobre; segundo, por imitação, que é o mais fácil; e terceiro, por experiência, que é o mais amargo. (Confúcio)

sábado, 21 de janeiro de 2012

Sobre sopas e pipas.

Neste período de férias, onde tenho procurado refrescar a cabeça para encarar mais um ano de trabalho, uma das coisas que me chamou a atenção é a polêmica sobre a aprovação de leis antipirataria nos EUA, o Stop Online Piracy Act (SOPA) e o Project IP Act (PIPA). Resumindo, a tentativa da indústria da mídia em controlar a internet, transformando-a em um mercado fechado.
Nada contra a que empresas ganhem dinheiro com a internet, apenas não acho correto que se tire a opção, o direito de escolha.
Vou contar dois casos que exemplificam o prejuízo que essas leis podem causar, e como na verdade apenas servem de abrigo para a incompetência e arrogância da indústria.
Em 2008 fui mordido pelo mosquito da febre de colecionador. No meu caso séries de ficção científica. Como todo bom fã deste tipo de filme, sempre adorei o universo Jornada nas Estrelas. Como não havia conseguido acompanhar as séries até o final (devido a irregularidade da exibição no Brasil), resolvi comprar os pacotes. Comprei em loja todos os que estavam disponíveis, a saber: toda a série Jornadas nas Estrelas: a Nova Geração, as três primeiras temporadas de Deep Space Nine e as duas primeiras temporadas de Voyager. Depois de vários meses aguardando o lançamento dos demais pacotes (cada série possuiu sete temporadas), enviei um e-mail à Universal solicitando informações sobre o lançamento dos demais pacotes. A lacônica resposta dizia que o lançamento estava nos planos da empresa. Só isso, sem data, sem nada, principalmente, sem nenhum respeito ao consumidor. Nada podia fazer a não ser vociferar alguns impropérios contra a Universal.
Passados alguns meses, um amigo me sugeriu um desses sites que disponibilizam downloads de séries na internet. Resisti um pouco, pois sempre fui, e continuo sendo contra a pirataria digital, mas quando percebi que todas as temporadas que eu desejava estavam lá disponíveis resolvi baixá-las. Lembro-me que ainda pensei “se algum dia a universal lançar os pacotes eu compro todos eles” isso satisfez a minha consciência. Até hoje estou esperando.
No mesmo site vi que outras séries de ficção científica, que não consegui acompanhar na época em que foram exibidas estavam disponíveis. Refiro-me a Babylon 5 e FarScape One, novamente para acalmar a consciência, procurei nas lojas, físicas e onlines, e nada. Baixei as duas e estou assistindo.
Apenas para registro Comprei em loja a série Galactica e todos os 16 pacotes da franquia Stargate.
Antes de concluir, e aproveitando a série Stargate, contarei mais um caso. Para completar a minha coleção Stargate faltava um versão em dvd do filme original. Novamente não consegui no mercado nacional, tive de importar uma cópia da edição de colecionador norte-americana (região 1) sem legendas em português. Nestas férias arrumei um projeto de distração: produzir uma cópia legendada do filme. Ripei meu dvd, comprado, e baixei as legendas em português. Pensei, agora é só juntar tudo. Ledo engano, a legenda estava fora de sincronia e em português de Portugal. Baixei um programa para trabalhar legendas, sincronizei as legendas com a minha versão do filme e traduzi para o português brasileiro. Tenho agora uma cópia do filme legendado como queria.
Concluindo, se estas leis forem aprovadas a liberdade de não ficar dependente da vontade e do interesse comercial das empresas vai acabar. Mesmo aqueles, como eu, que tem escrúpulos que limitam a sanha dos downloads, ficaremos sem opção. Escravos das decisões de alguns poucos executivos das empresas de mídia. Que se recusam a usar de criatividade para ganhar dinheiro, e querem impedir aqueles que o fazem.
Só para registro, todas essas horas de downloads foram através de serviço pago, para ir mais rápido. Não tenho paciência para ficar semanas ou meses para finalizar uma coisa.
Resistance is not futile.